Grito de Alerta

Petrobras leva Calote

A Petrobras vai começar a desembolsar, a partir do mês que vem, R$ 16 bilhões de recursos próprios para a conclusão da Refinaria Abreu e Lima, que está sendo em construída em Pernambuco. A informação foi dada ontem pelo diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, durante visita aos canteiros das obras da refinaria e da Petroquímica Suape, em Ipojuca, a 60 quilômetros de Recife, informa a reportagem de Ramona Ordoñez. A Petrobras terá que investir integralmente porque até hoje a Venezuela, parceira no projeto, não colocou um tostão em Abreu e Lima, apesar de as obras já terem começado desde 2007 e de o próprio presidente venezuelano Hugo Chávez ter escolhido o nome da refinaria. Abreu e Lima foi um integrante do Exército brasileiro que lutou ao lado de Simon Bolívar pela independência da Venezuela e da Colômbia.
Segundo Costa, no mês que vem acabam os R$ 10 bilhões que a Petrobras tomou emprestado do BNDES para o início das obras. Segundo o diretor, desse montante já foram gastos cerca de R$ 7 bilhões. O custo total do empreendimento é de US$ 13,4 bilhões. Devido à apreciação do real frente ao dólar, os custos em moeda local subiram.
PDVSA deveria ter participado com 40% do valor
Paulo Roberto Costa não se mostrou preocupado com a possibilidade de a petrolífera venezuelana PDVSA não participar mais da refinaria:
- A partir de agosto, com o fim dos recursos, cada empresa terá de fazer um aporte para continuar a obra. Então, se a PDVSA não entrar até agosto, entenderemos que ela perdeu interesse em participar.
Se a PDVSA for participar da refinaria, além de entrar com novos recursos, terá de assumir 40% da dívida de R$ 10 bilhões da Petrobras junto ao BNDES, referente a sua fatia no projeto, de R$ 4 bilhões. A PDVSA vem negociando participar com 40% da refinaria desde 2005, enquanto a Petrobras ficaria com 60% do projeto.
Na realidade, a não participação da PDVSA vai representar uma economia da ordem de US$ 400 milhões no projeto, que seriam gastos na unidade de tratamento de enxofre para o petróleo venezuelano, que é muito mais pesado que o brasileiro. Enquanto o óleo de Marlim que será processado na refinaria tem 14 graus API (medida internacional do petróleo), o da Venezuela tem 8 graus API, superpesado.
Cerca de 35% da Refinaria Abreu Lima estão prontos, e no momento estão trabalhando 23 mil operários no canteiro, afetado pelas fortes chuvas na região nas últimas semanas. A refinaria terá capacidade de processar 230 mil barris por dia de petróleo, e sua maior produção - cerca de 70% - será de óleo diesel. O restante ficará com outros derivados, como GLP. A previsão é a refinaria entre em operação no fim de 2013.(As informações são do jornal O Globo)