Grito de Alerta

COMPESA REALIZA OBRA EMERGENCIAL EM FERNANDO DE NORONHA



A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) pretende iniciar até o fim deste mês uma obra para ampliação do sistema de abastecimento de água de Fernando de Noronha. O projeto, orçado em R$ 4,7 milhões, irá ampliar a capacidade de produção de água dos dessalinizadores, equipamentos que transformam água do mar em água potávele proporcionar a mudança do local  da captação. A intenção da companhia é fazer com que a captação de água ocorra 24 horas por dia, além de aumentar a capacidade de tratamento dos dessalinizadores, os maiores em operação no país para abastecimento humano.

Atualmente, a Ilha conta exclusivamente com a água de uma bateria de quatro dessalinizadores, que transformam a água do mar em água potável, com uma produção de 27 m³/hora. Com a nova obra, esse número subirá para 60 m³/hora. Segundo o diretor da Compesa, Fernando Lôbo, o projeto está pronto e  a expectativa é que, até o final de março, o processo de dispensa de licitação esteja concluído e a empresa consiga as licenças de implantação do empreendimento com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Em virtude da urgência para resolver a questão do abastecimento de água de Fernando de Noronha, a obra será realizada em caráter emergencial. A previsão é que e obra seja concluída em seis meses.

Sem chuvas desde junho de 2013, Noronha está enfrentando a pior seca dos últimos 50 anos. Quando o açude do Xaréu conseguiu armazenar água, no ano passado, o regime de abastecimento, que era de um dia com água e sete dias sem, foi reduzido para um dia com e cinco dias sem. No final de fevereiro deste ano, o manancial entrou novamente em colapso e, para atender a todos de forma igualitária, a Compesa precisou alterar novamente o calendário de distribuição, desta vez de um dia com para nove sem. Além do regime de rodízio, a população está contando com a complementação do abastecimento por meio de três carros-pipa, atendidos por poços da Aeronáutica, que fazem a distribuição de água, diariamente, das 6h às 22h.

Segundo Fernando Lôbo, esse regime rigoroso de distribuição se dá devido à falta de chuvas na Ilha, o que provocou o colapso do açude de Xaréu. Quando cheio, o manancial tem a capacidade de acumular 411 mil metros cúbicos de água e representa 41% da demanda necessária. Com água no reservatório, a Compesa tem condições de atender moradores e visitantes da ilha por quase dois anos, uma vez  que a maioria das moradias tem condições de armazenamento de água em reservatórios. “Acreditamos que o agravamento da atual situação é decorrente do Carnaval, período em que a ilha recebe muitos visitantes e há um aumento de aproximadamente 20% no consumo de água”, explica Fernando. “No entanto, todos os dias têm água na Ilha, obedecendo a um calendário de rodízio no abastecimento, no qual Noronha foi dividido em oito setores e cada um deles recebe água por um dia inteiro”, destaca.

Desde 2009, a Compesa vem investindo na melhoria do abastecimento de água de Fernando de Noronha. Em 2011, a produção dos dessalinizadores foi duplicada, com investimentos da ordem de R$ 2,7 milhões. No ano passado, a Compesa contratou o projeto para o aumento da produção dos dessalinizadores, incluindo o aperfeiçoamento na captação da água salgada, obra esta que deve ser iniciada até o fim deste mês. Com isso,  o abastecimento de Fernando de Noronha será regularizado.

Ao contrário de outras cidades localizadas no continente, a situação de Fernando de Noronha é bastante peculiar, pois não existe auxílio de outros sistemas, nem condições do aumento do número de carros-pipa. “Toda e qualquer solução para atendimento à ilha tem que ser local”, pontua Fernando Lôbo. Aproveitando esse momento de dificuldade, o diretor aproveita para pedir a compreensão da população no sentido de economizar água. “Pedimos a compreensão dos Ilhéus, bem como o uso racional da água em todas as atividades, especialmente em um local tão difícil de operar como Fernando de Noronha”, enfatizou o diretor.