Grito de Alerta

‘Brasil não pode abrir mão da energia nuclear’, afirma presidente da EPE

       O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, ressaltou, nesta sexta-feira (3), que o “Brasil não pode abrir mão da energia nuclear, pois pode ser útil no futuro”. A afirmação foi feita durante uma palestra dele sobre energia eólica, no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), no Centro do Rio de Janeiro. Em defesa da energia nuclear, Tolmasquim ponderou que “nunca foi uma questão de suprimento energético para o Brasil, mas de domínio da tecnologia”.
“É natural que exista uma apreensão”, afirmou Tolmasquim, em referência ao recente acidente nuclear na cidade de Fukushima, no Japão, após um terremoto e uma tsunami que atingiu o país. “É preciso acompanhar o que está sendo discutido no mundo, e ver as medidas que vão ser tomadas”, complementou.
O presidente da EPE reafirmou o que já havia dito durante o Fórum Mundial Econômico da América Latina, realizado no fim de abril, no Rio, onde enfatizou que as obras da usina nuclear de Angra 3 não vão parar. “Angra 3 vai continuar. Após as obras terem sido retomadas, após um longo tempo paradas, não faz sentido parar de novo. Agora, tem que se tomar todas as precauções com relação à segurança e a rotas de fuga”, disse. Ele destacou que, a esta altura, os prejuízos econômicos seriam grande caso a obra seja novamente interrompida.
A usina nuclear Angra 3 é idêntica à Angra 2 (acima, ao centro), que têm um projeto diferente de Angra 1 (acima, à direita). (Foto: Divulgação: Eletronuclear)A usina nuclear Angra 3 é idêntica à Angra 2 (acima, ao centro), que têm um projeto diferente de Angra 1 (acima, à direita). (Foto: Divulgação: Eletronuclear)
Maurício Tolmasquim afirmou que “não está descartada” a construção de quatro novas usinas nucleares, e que o assunto vai ser discutido no Plano Nacional Energético (PNE), onde será elaborada a previsão energética para o país até 2035. Entretanto, ele destacou por várias vezes que a questão nuclear vai passar por um amplo debate, não só no Brasil, mas em todo o mundo. “Podemos construir quatro usinas, ou menos, ou mais”, afirmou. “Não podemos é perder o trem da história e, daqui a 20 anos, ter desaprendido tudo o que sabemos hoje. O Brasil tem a sexta reserva de urânio do mundo e domina a tecnologia para produzir energia”, enfatizou.
Sobre a decisão da Alemanha de fechar todas as usinas nucleares, Tolmasquim preferiu não emitir opinião a respeito: “A situação da Alemanha é diferente da do Brasil. Não posso comentar as decisões de outros países. Eles têm as razões políticas, econômicas e energéticas deles, e nós temos as nossas.”
Energia eólica é ‘realidade’
    O presidente da EPE afirmou que a energia eólica já não pode mais ser chamada de “alternativa”, pois já está se tornando uma das principais fontes energéticas em vários países. “A energia eólica já está no ‘mainstream’. É uma realidade, e vai crescer muito ainda ao longo do tempo”, frisou, acrescentando que, hoje, a energia eólica já é tão competitiva em termos econômicos quanta a que é produzida por usinas térmicas, apesar de ainda não poder ser equiparada com o que é produzido pelas hidrelétricas.
De acordo com Tolmasquim, de 2005 para 2011, o Brasil saltou de uma para quatro empresas instaladas no país, produzindo ou em vias de produzir energia a partir do vento. “Algumas pesquisas indicam que o potencial de energia eólica no Brasil chega a 300 mil megawatts (MW) por ano. Para efeito de comparação, a Usina Hidrelétrica de Itaipu tem uma capacidade instalada de 14 mil MW”, afirmou ele. “A previsão é que, em 2020, devemos chegar a 11 mil MW de capacidade instalada de energia eólica, o que equivale ao que vai ser produzido pela Usina Hidrelétrica de Belo Monte”, finalizou.